Tuesday 10 July 2007

Bilhete de identidade

De qualquer lado do Espelho onde me ponha a minha vida começou com Twins. Durante anos pensei que iria conseguir falar a língua de Elizabeth. Depois percebi que não, que era impossível. Até hoje creio que se Deus tem voz o seu apelido é Fraser. Aliás, falando de Deus (e do Diabo) é por estas alturas que se estreia uma bandazinha, de seu nome Bauhaus. In the Flat Field é um álbum religioso, com temas como God in An Alcove, Stygmata Martyr ou St. Vitus Dance. E como para Deus há sempre Diabo, sei hoje que aquela voz, dolorosa, que alguém ouvia na minha sala quando ainda era muito pequeno, gemendo The Spy in the Cab, tinha o nome de Peter Murphy e era um perfeito Belzebu.

Continuando entre mundos, Este e o Outro, Dead Can Dance, pelo menos foi do que Lisa Gerrard e Brendan Perry me começaram a convencer lá para finais dos anos 80, quando já tinha vários álbuns editados, entre os quais o fabuloso Spleen and Ideal, talvez um dos melhores álbuns que já ouvi. Foi também por esta altura que, com alguns anos de atraso descobri It'll end in tears, através do Song to the Syren, interpretado por none else do que a menina Fraser. Foi preciso quase uma década para descobrir que o original pertence a Tim Buckley...

No início dos anos 90 viria a descobrir uma banda que mudaria a minha vida Throwing Muses ou, para mim, Kristin Hersh e Tanya Donelly. Descobri, também anos mais tarde, que as Muses foram a primeira banda norte-americana a ser editada pela 4AD. Not a bad choice, Ivo...
Até hoje ouço o primeiro álbum homónimo, que continua a ter um poder incrível.

Foi também no início dos anos 90 que ouvi pela primeira vez a musiquinha Vamos de uma bandazita chamada Pixies. Achei engraçado o título em português e ouvi o 1º EP, Come on Pilgrim. The rest as they say is history...

Com as Muses e os Pixies a tornarem-se o meu som da altura comecei a explorar e descobri uma banda, ainda hoje bem obscura de que passei a gostar bastante Pale Saints. The Comforts of Madness é um álbum bem interessente e que ainda hoje ouço e que recomendo. Além disso são de Leeds, terra que viu nascer uma das bandas da minha vida, embora não 4AD, The Sisters of Mercy.

A meio dos anos 90, novamente com algum atraso, duas novas bandas 4AD entraram na minha vida. Uma, muito conhecida, era inevitável: The Breeders. Ou melhor, dois nomes, Kim Deal e Tanya Donelly. A primeira vinda de Pixies, a segunda das Muses. Donelly ainda seguiria mais tarde para fundar outra banda 4AD, Belly. Era inevitável que nos encontrássemos. Cannonball é um post à parte... A outra banda, infelizmente mais desconhecida, é His Name is Alive. As vezes que me meti na noite, por Esse Lado do Espelho Dentro, na planície, com eles por companhia... a voz de Karin Oliver é um bálsamo. E já agora é engraçado contar a história, que está no site da 4AD, sobre como o Ivo Watts os conheceu: recebeu uma demo que dizia apenas His name is Alive - I had sex with God. Simples, não é?

Não sei o que andei a fazer no resto dos anos 90 - a Lebre garante-me que nos ficámos pelo chá e pouco mais - mas só no princípio desta décadas descubro coisas como That Dog e Lisa Germano. Se a primeira banda nunca foi mais do que algo a que achei piada, Lisa Germano é voz recorrente na minha vida desde há uns cinco ou seis anos.

Sempre com os atrasos a que já vos fui habituando ao longo deste texto, só há alguns meses descobri Blonde Redhead, que estou a ouvir regularmente, e de que cada vez gosto mais. E assim cheguei até aqui.

No (meu) princípio não era o Verbo...

... mas os Cocteau Twins. Foram eles, há um quarto de século (ai que isto pesa), que me abriram a porta da 4AD.

breve antologia 4AD em 5'25''

Este palco é bom exemplo do que é a 4AD e do quanto tem sido decisiva. Antes de me embrenhar nas profundezas do catálogo, há cartões de visita que dizem bastante de uma editora. Três trunfos maiores da 4AD: Peter Murphy e Trent Reznor com Tv on the Radio.

The Bearz

Falar de bandas como os Bearz foi uma das razões pelas quais aceitei o repto de escrever neste blog. Passo a explicar: a primeira vez que os oiço é agora, no preciso momento em que sobre eles escrevo. Ouvi-los, é no entanto, um exercício essencial para se perceber o que é isto da 4AD e como surgiu isto tudo.
A 4AD como editora independente que é, poderia ter surgido em qualquer sítio como outras tantas que sempre surgiram: numa garagem húmida a servir de sala de ensaio, num apartamento pouco maior que uma caixa de fósforos ou por exemplo na cave de uma loja de discos - como foi o caso - da Beggars Banquet. Terá sido num fim de tarde tipicamente inglês, chuvoso e frio - há que dar alguma ficção ao texto - que os The Bearz terão entrado na cave e mostrado a sua "demo-tape" a Ivo Watts-Russell e a Steve Webbon (os fundadores da 4AD) que após audição terão visto nos Bearz potencial para ser editado, tornando-os numa das primeiras bandas editadas pela 4AD logo em Janeiro de 1980.
É certo que o potencial dos Bearz nunca se confirmou como outras apostas da 4AD o conseguiram mas não deixa de ser interessante perceber a linha editorial que Ivo e Steve procuravam à época.

Monday 9 July 2007

4AD é história

Há uma história da Música pré e pós 4AD. Isto é um facto. Falar da importância desta editora na História da Música pós 1980 é pois, o mote deste blog, a isto nos propomos. Vamos sem dúvida aprender e transmitir algum conhecimento a todos os que connosco quiserem embarcar por esta deliciosa viagem iniciada há já 27 anos.

Notice the address:

Morada: 4AD, 17-19 Alma Road, London, SW18 1AA

E-mail: 4ad@4ad.com

Enough said.